ARGUMENTO
Como viver sem o desconhecido diante de si?
Os homens de hoje querem o poema à imagem de sua vida,
feita com tão pouca atenção, tão pouco espaço e queimada de
intolerância.
Porque não lhes é mais permitido agir supremamente com
a preocupação fatal de se destruir por seu semelhante, porque
a riqueza inerte deles os freia e aprisiona; os homens de hoje,
o instinto enfraquecido, perdem, mesmo se conservando vivos,
até a poeira de seus nomes.
Nascido do apelo do futuro e da angústia da retenção, o
poema, elevando-se de seu poço de lama e estrelas, será
testemunha em quase total silêncio, que não há nada nele que
não exista verdadeiramente noutra parte, nesse rebelde e
solitário mundo de contradições.(Fúria e Mistério - 1962
Nu perdido e outros poemas. Iluminuras, 1983.
Trad. Augusto Contador Borges. p. 159.)
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