o nada
porque só havia Deus
e seu desejo de criar.
então este não-lugar, esta não-coisa, este não-ser
para que pudesse haver lugar, coisas e seres.
o nada
primeira criatura criada
desde então
niilismo é o buraco-negro por onde começar
em solitude e silêncio
a (d)obra.
definição
poesia é a especiaria que ativa as pupilas gustativas da língua
quinta-feira, setembro 09, 2010
segunda-feira, julho 12, 2010
as três mal-amadas
"joão amava tereza que amava raimundo que amava maria que amava joaquim que amava lili que não amava ninguém" (drummond/quadrilha)
tereza
tudo que sinto por ele só um outro pudera me dar
melhor já que ele não sente
ser a corda por onde se sobe para uma possível liberdade
aprender com outra tereza
o êxtase além
desencarnar esta emoção do objeto
ficar com a coisa
meu corpo ardendo e o desejo saciado amando apenas
o amor
essa outra vida é justa
das tripas coração
se você me amasse raimundo
seria a rima-solução
que mudava meu mundo
.............
maria
esse corpo aqui onde sempre quis ao meu lado
está oco
ele funciona me olha e toca nos lugares precisos
me dá do que quero apenas o prazer
um corpo morto de onde brota a vida que me engravida-
ria
o corpo do homem amado que não a mim ama
e vira para o outro lado
o lado escuro da lua brilha pela fresta da janela
(talvez tê-lo assim através
do fio de um filho bastasse)
a vida é tristebela
minha ração de presença e pênis
quase toda semana
para garantir que eu não morra inane
pavloviana assumida
dava algo que ele queria e ele sempre vinha
menos do que gostaria
não dá para exigir mais
tipo flor ou aquela palavra que rima com ela
não não dor
...........
lili
um medo melhor que o da morte o medo abismo-amigo
um medo menos humilhante do que aquela entrega
o medo protetor
nada mais poderia
aprendi a ser calculista com a vida de que gostarei
o futuro eu construo simples e claro
vivo melhor sem as incertezas que aquilo traria
vivo melhor sem ciúme ansiedade ou sensação iminente de
abandono
o sol de outono do medo é frio queima lentamente como tédio ou tristeza
assim a vida é menos boa menos ruim
menos tensa menos intensa
vejo o que aquilo fez com joaquim
nunca queria aquilo
apenas (sed)
uso
e descarto
são recicláveis
(tão feminino, feminista e ecológico o que faço)
e no demais a culpa me desculpa
isso se caso
não vem ao caso
troco essa coisa enorme
aquilo de que me afasto
que meu medo não diz o nome
por outro nome
e um pinto.
tereza
tudo que sinto por ele só um outro pudera me dar
melhor já que ele não sente
ser a corda por onde se sobe para uma possível liberdade
aprender com outra tereza
o êxtase além
desencarnar esta emoção do objeto
ficar com a coisa
meu corpo ardendo e o desejo saciado amando apenas
o amor
essa outra vida é justa
das tripas coração
se você me amasse raimundo
seria a rima-solução
que mudava meu mundo
.............
maria
esse corpo aqui onde sempre quis ao meu lado
está oco
ele funciona me olha e toca nos lugares precisos
me dá do que quero apenas o prazer
um corpo morto de onde brota a vida que me engravida-
ria
o corpo do homem amado que não a mim ama
e vira para o outro lado
o lado escuro da lua brilha pela fresta da janela
(talvez tê-lo assim através
do fio de um filho bastasse)
a vida é tristebela
minha ração de presença e pênis
quase toda semana
para garantir que eu não morra inane
pavloviana assumida
dava algo que ele queria e ele sempre vinha
menos do que gostaria
não dá para exigir mais
tipo flor ou aquela palavra que rima com ela
não não dor
...........
lili
um medo melhor que o da morte o medo abismo-amigo
um medo menos humilhante do que aquela entrega
o medo protetor
nada mais poderia
aprendi a ser calculista com a vida de que gostarei
o futuro eu construo simples e claro
vivo melhor sem as incertezas que aquilo traria
vivo melhor sem ciúme ansiedade ou sensação iminente de
abandono
o sol de outono do medo é frio queima lentamente como tédio ou tristeza
assim a vida é menos boa menos ruim
menos tensa menos intensa
vejo o que aquilo fez com joaquim
nunca queria aquilo
apenas (sed)
uso
e descarto
são recicláveis
(tão feminino, feminista e ecológico o que faço)
e no demais a culpa me desculpa
isso se caso
não vem ao caso
troco essa coisa enorme
aquilo de que me afasto
que meu medo não diz o nome
por outro nome
e um pinto.
o atlas de orfeu
linha da canção o caminho
se faz ao andar
mais baixo
compassos lentos na trilha
do submundo
ardente persistência
v
indo
como todo o amor que teve o seu inferno
subir sem olhar atrás
eurídice está em orfeu
e vice-verso
partes sem completude
um suplemento:
'eu' que une nomes coisas
anti-lírico o
mapa das cavernas do coração.
se faz ao andar
mais baixo
compassos lentos na trilha
do submundo
ardente persistência
v
indo
como todo o amor que teve o seu inferno
subir sem olhar atrás
eurídice está em orfeu
e vice-verso
partes sem completude
um suplemento:
'eu' que une nomes coisas
anti-lírico o
mapa das cavernas do coração.
terça-feira, junho 29, 2010
São Ninguém
“Descalça as sandálias porque aqui é santo”
Obediente a poesia descalça
E pé ante pé adentra
Ela percebe que ninguém sabe que
O mundo aqui é santo
A vida aqui é santa
Ela percebe que
Em lugar algum se vê e vê-se santo
E ela decide convidar
Ninguém a ir para Lugaralgum
Porque ela compreendeu
Que quando Ninguém em Lugaralgum
compreender o santo
Ele virá
Transfigurar
novo céu e nova terra numa nova pessoa.
Obediente a poesia descalça
E pé ante pé adentra
Ela percebe que ninguém sabe que
O mundo aqui é santo
A vida aqui é santa
Ela percebe que
Em lugar algum se vê e vê-se santo
E ela decide convidar
Ninguém a ir para Lugaralgum
Porque ela compreendeu
Que quando Ninguém em Lugaralgum
compreender o santo
Ele virá
Transfigurar
novo céu e nova terra numa nova pessoa.
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